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Mostrando postagens de 2024

As fadas dos contos encantados

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Trauma da infância

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RPG (Role Playing Game) e terapia

Imagem gerada por IA  O RPG foi criado em fim da década de 60 e começo da 70 nos Estados Unidos. Não vou entrar no que concerne a história do jogo. O primeiro jogo criado foi o Dungeons and Dragons (Masmorras e Dragões - tradução livre). Inclusive, tem um filme maravilhoso sobre o tema com o Tom Hanks, cujo título é Mazes and Monsters (Labirintos e Monstros). Começarei por este filme para explicar o quão importante o RPG pode ser um grande aliado do terapeuta. O jogo já é usado para ajudar na socialização. No entanto, há outras possibilidades.  A fantasia em ser um "personagem" com características completamente diferentes das "reais" permite que a pessoa possa criar uma nova história em sua mente referente a acontecimentos traumáticos. O trauma tem uma estrutura de looping na mente. É como um alerta de perigo constante para evitar viver a mesma coisa no mundo real. Infelizmente, a ocorrência fica para sempre na mente da pessoa.  Os tratamentos comuns para o trauma f...

O poder do sonho

Imagem criada por IA O título dá a entender que este é um texto de auto-ajuda. Não é. Talvez, até seja... Você entenderá. Acredito que a imagem já basta para entender de que se trata do momento em que nos encontramos nos reinos de Morfeu, Fântaso e Icelo. É quando a areia é soprada em nossos olhos e nos entregamos para o lugar onde tudo é possível: dos nossos desejos ao terror total. Os sonhos intrigam a humanidade há milênios. Eles nos ajudam quando nos dizem sobre o futuro (sonhos premonitórios); sobre o cotidiano (processamento de informações); nos contam sobre a jornada da nossa alma (sonhos simbólicos); e sobre os sonhos sagrados (são mais raros). Como distingui-los? Bom, o premonitório, às vezes, a gente só nota quando acontece. Meu pai me ensinou sobre esses sonhos ao interpretá-los. Fiz uma viagem para conhecer minas de extração de esmeraldas e ouro. Houve quem quisesse entrar em uma mina muito profunda. Lembro de ter olhado e pensado: vai ter um sinal. Falei com me...

Histórias com bad boys

Imagem criada por IA Muitas mulheres têm escrito histórias com alguns plots similares à Crepúsculo e 50 tons de cinza. Louvável que as mulheres estejam ocupando o espaço do erótico. O problema não está no sexo nem no hot (como são conhecidas estas histórias). As mulheres dos romances são pobres e recebem a proposta de casar com um CEO; jovens que se encantam por um homem bruto (dono do morro ou mafioso), que tem um coração mole e acaba se apaixonando pela heroína do livro; a moça que engravida e o pai nada sabe da história. Muitos desses plots vêm do Oriente. Os doramas têm a mesma história repetidas vezes. O problema também não está na fantasia de romances provocados por situações úteis para a história. Basicamente, é o homem rico e/ou, a mulher má e a jovem boa. Outras histórias trazem homens mais velhos que namoram jovens sonhadoras. Claro que nós todos conhecemos estas histórias de longa data, que eram os antigos livros vendidos em bancas de jornal que tinham por nome J...

A importância da vilania nos contos de fadas

Imagem criada por IA Vejo com preocupação a Disney justificar o comportamento das vilãs dos contos de fadas. A maldade está entre nós e, mesmo com a maior das boas intenções, podemos causar o mal. Talvez, a história de vida das vilãs esteja ganhando vida porque temos uma imagem sacra da mulher. Não conseguimos conceber o mal que mulheres possam causar em crianças e em adultos quando são as pessoas tóxicas do relacionamento. Nossa sociedade finge que mulheres podem ser más. Desde a Antiguidade, há o relato de deusas vingativas. Hera é uma delas. Punia as amantes de Zeus, mas jamais o marido. Afrodite dá tarefas impossíveis a Psique porque ela ousou olhar para Eros, coisa que era proibida. Shakespeare escreve sobre essas mulheres em quase todas as peças, mesmo nas comédias.  Os contos de fadas eram contados oralmente. Depois, houve uma compilação escrita. No entanto, em nenhum, há um final feliz "Disney". Eles falam de mutilação, de morte e de cuidados que se deve ter a...

Qualidade de vida x dor crônica

Tenho pacientes que se sentem imprestáveis por conta de dores crônicas. Eu sei como é. Passei a vida achando que eu tinha apenas várias tendinites porque forcei o corpo dando aulas de yoga. Certa feita, perguntei ao psiquiatra se a dor atrapalhava um sono restaurador. Foi o período em que achei que era Síndrome do Periforme.  Recentemente, um médico me diagnosticou com Fibromialgia: 25 anos sentindo dor para descobrir que não tem muito que fazer. Voltando aos pacientes, a dor crônica tira o prazer da vida e um funcionamento equilibrado do corpo. A dor paralisa (literalmente). Uma das analisadas tem endometriose e se sente um lixo por não poder executar tarefas simples como cozinhar, fazer crochê e cuidar das filhas.  As dores tensionam o corpo e a mente porque queremos ser funcional e o corpo diz: not today, honey (tradução livre: hoje não, querida). É possível sentir alívio com antidepressivos ou usar cannabis. Um outro paciente relata se sentir mais relaxado com ...

Vale sua saúde mental?

Imagem criada por IA Esta é uma pergunta que faço com frequência aos pacientes sobre as decisões da vida. Se a resposta é não, é melhor nem começar. Lógico que não sou ingênua quanto a algumas situações da vida como a necessidade de ter um emprego ruim para pagar as contas. Às vezes, não há condições para se dar ao luxo de escolher. No entanto, quando possível é importante se questionar se vale lutar com unhas e dentes por algo que, talvez, nem seja satisfatório. Toda decisão, por menor que seja, exige faz com que sintamos ansiedade (ela pode ser saudável, mas não é o tema deste texto) e receio. Logo, será que vale o enfrentamento? Será que vale passar por algum tipo de estresse e medo?  Vivemos no automático e não nos questionamos a respeito das decisões. Seguimos aquilo que parece ser óbvio mesmo quando "algo parece fora do lugar". É nesse instante que entra a pergunta: vale a minha saúde mental? Muitas dessas decisões acabam por parecer que pagamos com a alma. ...

No fear

Imagem criada por IA Comecei a assistir o documentário What happened, Miss Simone. Assisti apenas uns cinco minutos, mas ela me pegou desconcertada. Alguém pergunta a ela "o que é liberdade?". Em um primeiro momento, ela responde que é um sentimento, não pode ser descrito da mesma forma que a gente sabe quando se está apaixonado. O strike veio quando ela diz: é não ter medo. Gostaria de dizer que senti um arrepio ou algo grandioso porque eu conheço isso. De repente, o monstro se torna algo invisível, é como ter a certeza de que as asas podem nos levar a um lugar mágico. No fear... Sem medo! É uma das melhores sensações que podemos ter. É certo que, em alguns momentos, este sentimento não esteja completamente inteiro dentro de nós. Ao refletir sobre o propósito da terapia, entendi agora que o objetivo de toda terapia, do encontro nu e cru com nós mesmos não é apenas nos conhecermos. Vai bem além, é para nós levar e elevar à sensação constante da liberdade como Miss...

O aprendizado com a doença mental

Imagem criada por IA Há nove anos, fui convidada para o  Projeto Draft  sobre a minha experiência com a depressão e ansiedade. Eu ainda não sabia sobre ser autista. Muitas pessoas vieram até mim por meio desse texto e indagavam como eu "superei" a depressão e a vontade de morrer. Eu sempre disse que fazia tratamento com psiquiatra e terapia. Sem isso, certamente, estaria morta ou louca de verdade. No entanto, depois do primeiro flashback de trauma vivido no ano passado, entendi o papel fundamental que escrever trouxe. Grande parte das histórias que escrevi vinha de sonhos. Eram histórias com começo, meio e fim. Dei-me conta de que dar um contexto aos sonhos fez com que eu pudesse processar os traumas. De acordo com Jung, o inconsciente apresenta as imagens para que possamos encontrar as pistas para reunir nossos pedaços quebrados e sem esperanças. O sonho permite que haja resignificação. Isso não quer dizer que é fácil. Nunca é olhar para os confins dos oceanos. S...

É como estar em casa

Imagem feita por IA Em uma consulta, um paciente falou uma frase que me tocou profundamente: que algumas coisas são como estar em casa (amigos, trabalho, família, etc). Há pessoas e situações que têm tamanho conforto que percebemos como um acolhimento curador e são estes lugares que nos curam de nossas dores, que nos fazem sorrir diante das perspectivas sombrias que assolam nossas vidas. São as horas passadas com nossos melhores amigos (Friends are the family we choose for ourselves - Edna Buchanan. Amigos/as são a família que escolhemos para nós- tradução livre), o trabalho do qual gostamos com intensidade que nem vemos a hora passar e não importa o quão chateados estamos, sempre saímos dele com leveza e nem sentimos o tempo passar. ` Às vezes, estar em casa é ter a possibilidade de estar só bebendo um chá e admirar as estrelas, ter contentamento porque houve mais um incrível vitória em uma pequena luta de muitas já vividas ou algum grande acontecimento a ser celebrado e um xícara de ...

A morte simbólica

Imagem feita por IA  É preciso morrer para se viver. Todos os dias, as células do corpo humano se esvaem e se renovam sem que percebamos esses processos. Os dias sucedem seguidamente em um constante nascer e morrer. Dizemos nascer do sol e pôr-do-sol. O ocaso nos fornece uma pequena morte da luz para dar lugar à noite repousante. A morte é vista como algo escuro e brumoso, distante, em que se usa a expressão "a noite eterna". A morte é sempre associada ao escuro. Em algumas culturas, a morte física é abraçada não com o profundo pesar do que se foi, mas, com uma comemoração e celebração pela vida da pessoa que parte, deixando saudades. Isso é mais comum nas culturas orientais. No Ocidente, a morte física deixa um rombo, um vazio, uma saudade avassaladora que, aos poucos, dá lugar a um novo momento de vida. A dor vai sendo deixada para trás, a nova rotina se estabelece e uma recuperação se faz presente. Nem sempre a superação acontece como no caso da partida de filhos ou quando...