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Saudade de tudo que eu não vivi

Há momentos na vida em que a gente se dá conta que a pessoa que está próxima e nunca sequer se importou com a gente. Um dia, eu comento sobre narcisismo por aqui. Só não sei quando.
Ontem, me dei conta de que eu sinto saudade de uma pessoa que nunca existiu. Estava na minha mente todos os risos, todos os momentos bons. Mas, eu não estava ali compartilhando risos e dores porque estes instantes só existiram para mim. Eu era apenas alguém a ser suportado para evitar a solidão. Eu amei sozinha. Eu era substituível.
Dói a traição. Foi mesmo traição? De certa forma, foi. Parecia que eu era especial, que era importante e nunca fui. 
Para não lidar com essa dor, fiquei com obsessão com tricô. Não resolve, né? Foram anos de vivências que eram uma ilusão. Agora, fico tentando achar um sentido para seguir em frente. 
Pensei: sinto falta. Imediatamente, veio a frase da música Índios da Legião Urbana: saudade do que sinto de tudo que eu ainda não vi. Eu mudei a frase: saudade de tudo que eu não vivi. Eu estava inteira (coração, corpo e alma) ali para cuidar, tentar mostrar apoio e suporte, indo além de todos os limites.
Daí, me dei conta de que tudo era uma grande mentira.
Como confiar em alguém de novo? Como dar espaço para uma pessoa nova entrar na vida? Como saber se o carinho é sincero? 

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