Revi The Doors depois de anos. É uma obra a ser
revisitada. Em 1991, eu ainda era uma espécie de criatura idolatrando os
hippies paz e amor. Morrison foi um dos ícones do movimento embora o filme o
mostre como uma pessoa muito escrota. Val Kilmer estava perfeito para o papel.
Na verdade, o diretor Oliver Stone fez um tributo à Morrison já que é
perceptível a falta de paciência dos outros integrantes com os abusos de Jim
Morrison. A mesma trajetória de tantos outros que subiram em palcos e foram
levados pelos excessos de bebida e drogas. No entanto, não estou aqui para
lições de moral. Cada um faz o que bem entender da sua vida.
O filme me fez refletir sobre algo muito importante:
desde que a arte deslizou para as mãos da humanidade, podemos contar o tempo.
Cada instante da humanidade contém um estilo artístico: música gótica, Mozart,
Beethoven, os russos. Divide-se o tempo da arte em Classicismo, Romantismo e segue.
Na pintura, temos o Dedo de Deus na Capela Cistina, da Vinci, pinturas do
Iluminismo, obras que transcendem o tempo chegando até nós, que levaram aos
movimentos dos impressionistas, expressionistas, que trouxe o delirante Dali,
Picasso com o Cubismo.
Meu ponto é que cada passagem da humanidade pode ser
contada pela arte. A história pode ser reinventada, a arte jamais amaciará a
verdade porque ela é um espelho dos tempos idos e da visão de cada autor
perante a uma realidade vivida. Os russos falavam da situação no país com obras
como Guerra e Paz, Crime e Castigo. Existe também as obras de Victor Hugo.
Na década de 20, o jazz fazia sucesso nas casas de
música. Continuou pela década de 30 e na década de 40, um outro ritmo toma
conta. Na década de 50, entra Elvis Presley, também conhecido como Elvis, the
Pelvis pelos seus movimentos de quadril, altamente chocantes para a época.
Chegamos nos Beatles, na liberdade, nos protestos contra guerra, Hendrix, Janis,
na rebeldia, em Warhol. O mundo ia passando por várias mudanças ao longo do
tempo. Em 70, chegamos ao The Doors, depois Queen e tantas outras bandas e
cantores. A arte pululou até meados da década de 90, momento em que ainda
podíamos definir os artistas que tinham condições de levantar multidões. Muitos
ainda eram meus ídolos de adolescência como U2, Rolling Stones (que só Deus
sabe como sobreviveu), Sting e muitas outras das quais não lembro agora.
A reflexão que o filme me trouxe foi que de 2000 para
cá, não vejo nada que tenha vindo para ficar. A arte é efêmera exceto por raras
exceções como Banksy, que consegue lucrar até quando faz com que sua arte seja
destruída. A internet prolifera artistas e a concorrência é muito acirrada.
Talvez, a arte que permaneça por algum tempo é o cinema, porém os artistas
dessa arte tenham que saber como escolher um bom papel e não cair no estracismo
eterno e ser lembrado por uma única obra. Existem obras que acho belas, que o
mundo curte, mas ficam a ver navios. Não existem muitos artistas que serão
lembrados daqui a alguns e que deixarão uma marca. Talvez, Lady Gaga, Pinky.
Certeza que devem existir outros, mas não consigo me lembrar.
Talvez, neste período sombrio em que o mundo parece
estar prestes a entrar em colapso mais uma vez, haja uma voz, um artista,
alguém que se levantará e dirá as verdades de toda uma geração, que representará
o lado oposto dos oprimidos. Eu sei que existem bons autores de ficção, porém
muitos são desconhecidos do grande público. Você deve estar se perguntando o que
Gaga fez de grandioso. Ela fez uma música sobre estupro, ela fala da depressão
dela, o que é importante para muita gente que sente desesperada e só. A Pinky
também tem músicas poderosas. Só esperemos que no lugar dos grandes, possa
surgir uma nova geração de garra e tão poderosa quanto seus antecessores.
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